Volta à normalidade absoluta ainda deve demorar, prevê João Gabbardo

por Interlegis — última modificação 25/06/2021 11h13
Na abertura da terceira edição do Seminário RS Pós-Pandemia, realizada na noite desta quinta-feira (24) no Teatro Dante Barone, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gabriel Souza (MDB), referiu as 500 mil mortes provocadas pela Covid-19 no Brasil, um ano e três meses depois de a pandemia surpreender o mundo. Olhando para o futuro, o seminário mirou o momento em que a doença se tornará comum, e como o RS irá enfrentar as demais demandas de saúde que ficaram represadas. 
 
“O parlamento vem reunindo ao longo deste ano especialistas para discutir e apontar caminhos para o futuro da educação, da saúde, do emprego e renda e outros temas”, apontou Gabriel, antecipando ações como a realização de pesquisas para identificar os fatores que os gaúchos consideram fundamentais tanto nas perdas quanto na sua recuperação. “A partir destes resultados, a Assembleia vai propor ações e leis emergenciais, elaboradas especialmente para este momento, e que venham a auxiliar no reerguimento das pessoas, dos profissionais, dos municípios e da sociedade”, anunciou.  
 
Impossível prever normalidade 
O primeiro painelista da noite foi o secretário-executivo do Centro de Contingência do combate ao coronavírus em São Paulo e ex-secretário estadual de Saúde do RS, médico João Gabbardo dos Reis. Desafiado a responder a respeito da previsão de quando a Covid-19 se tornará uma doença comum, foi taxativo em dizer que essa previsão não existe no momento atual. “Impossível prever quando vai acontecer”. Como outras viroses, a Covid-19 deverá ser controlada e ter um número reduzido de casos. “Não vamos nos livrar dela, temos que aprender a conviver. Vai se tornar doença endêmica, mas não sabemos em quanto tempo isso vai ocorrer”, assegurou.
 
Ele discorreu sobre as medidas recomendadas para enfrentar a epidemia em suas diferentes fases, com a contenção no início; a mitigação na fase intermediária, quando já ocorre a transmissão comunitária; e a chamada fase de supressão, adotada quando a transmissão fica fora de controle, o que exige ações intensas por períodos curtos. Segundo Gabbardo, esta última situação nunca foi adotada no país e isso diferenciou a forma de combate à pandemia. 
 
Comparando os números anteriores à vacinação e os resultados obtidos com a vacinação dos grupos etários acima de 60 anos, em especial acima de 70 anos já com as duas doses, afirmou que os indicadores melhoraram tanto nas internações quanto nos óbitos desse grupo. Mas essa proporção se inverteu nas faixas etárias abaixo de 60 anos, com aumento no número de casos. Isso se deve à sensação de segurança que a imunização oferece, aumentando a exposição dos vacinados e o risco dos ainda não imunizados contraírem a doença. “Mesmo as pessoas vacinadas com as duas doses têm risco de contrair a doença na sua forma mais grave. A vacinação reduz esses casos, mas não elimina”, advertiu. Isso impede qualquer medida de flexibilização neste momento. “Mesmo quem está vacinado deve continuar cumprindo os protocolos sanitários”, reforçou. 
 
Para a Covid-19 se tornar uma doença comum, depende da vacinação e da queda do nível de transmissão. “O percentual de imunizados para redução da transmissibilidade está relacionado às taxas de transmissão. Quando estas estiverem baixas, poderemos voltar a pensar em flexibilizações”, explicou João Gabbardo. Os níveis atuais de transmissão elevados, segundo o médico, poderão baixar daqui a alguns meses quando a vacinação alcançar mais de 70% da população com as duas doses. Ele apontou a lei aprovada no Senado Federal, o PL 1674/2021, o Passaporte Nacional de Imunização e Segurança Sanitária, como importante referência para orientar e facilitar a volta à normalidade. 
 
Mas o certo é que a máscara continuará presente na rotina das pessoas, assim como os resultados negativos para a Covid-19 e o comprovante de vacina, ferramentas obrigatórias para qualquer debate sobre a retomada da economia, do turismo e das demais atividades. 
Novo normal
As mudanças provocadas pela pandemia continuarão impactando a rotina dos ambientes de trabalho, como as reuniões virtuais, o espaço compartilhado e o trabalho em casa, e também nas relações interpessoais e familiares, prevê o médico. "Mas aprendemos muito com esta pandemia. Outras virão, e estaremos melhor preparados para enfrentá-las", concluiu.
Fonte: http://www.al.rs.gov.br/agenciadenoticias/destaque/tabid/855/IdMateria/324564/Default.aspx
Agência de Notícias ALRS.
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